Sobre o Coordenador: Prof. Dr. José Maurício Barbanti Duarte
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1986), especialização em Primatologia pela Universidade de Brasília (1987), mestrado em Genética e Melhoramento Animal (1992) e doutorado em Ciências Biológicas (Genética) (1998) ambos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Atualmente é vice-Chairman do Deer Specialist Group / IUCN, coordenador do programa de conservação ex situ do cervo-do-pantanal do ICMBio, líder do grupo de pesquisa (CNPq) em Biologia e Conservação de Cervídeos Brasileiros, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos (NUPECCE) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal.
Professor assistente doutor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Ex presidente (1996-1998) e diretor cientifico (1998-2000, 2002-2004) da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (ABRAVAS). Tem trabalhado e orientado nas áreas de Genética, Reprodução e Ecologia de Cervídeos.
Sobre o Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervideos (Nupecce)
O trabalho com estes animais iniciou-se em 1988, quando o Professor José Maurício Barbanti Duarte, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos - Nupecce, iniciou sua carreira de pesquisador na Unesp de Jaboticabal. Naquela época, os primeiros trabalhos com Veado-catingueiro foram realizados no Setor de Animais Silvestres, criado dentro da Universidade para o estudo de diversas espécies da fauna brasileira, como a paca, ema e perdiz, além dos cervídeos.
No ano de 1994 um ousado projeto de pesquisa teve início. De norte à sul, uma equipe percorreu cerca de 200.000 km de estradas por todo o Brasil com o objetivo de se realizar uma amostragem completa de todos os cervídeos presentes em cativeiro no nosso país. E os resultados desta empreitada ecoam até os dias de hoje! Através da análise do material coletado durante essa expedição, aspectos totalmente desconhecidos vieram à tona, gerando novas dúvidas e, junto com elas, a certeza de que muito ainda era necessário ser feito para se conhecer as diversas espécies e as necessidades de cada uma delas. Nascia assim o Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos que, ao longo dos últimos vinte anos, vem contribuindo de forma decisiva para a geração de conhecimento e para a formação de pessoas qualificadas que trabalham em prol da conservação desse e de outros representantes da fauna no Brasil.
Ao longo de sua trajetória, o Nupecce já realizou trabalhos cujo impacto por vezes se torna difícil de avaliar. Entre os principais resultados merecem ser citados a descoberta de uma nova espécie de veado na Mata Atlântica do litoral dos estados de São Paulo e Paraná, batizado com o nome científico de Mazama jucunda ou, simplesmente, Veado-mateiro-pequeno; e a confirmação e revalidação de uma espécie distinta na Amazônia, denominada Mazama nemorivaga ou Veado-roxo. Além disso, trabalhos de grande porte já foram realizados com o Veado-campeiro para a avaliação de suas populações no Pantanal e nos cerrados do Brasil Central, e com o Cervo-do-Pantanal, na bacia do Rio Paraná. Este talvez tenha sido o maior projeto desenvolvido dentro do Nupecce.
Com o trabalho obstinado de centenas de pessoas que já passaram pelo Nupecce, as pesquisas desenvolvidas ao longo de sua trajetória buscam contribuir de forma sólida para a conservação das diversas espécies de cervídeos existentes no país. Através do conhecimento gerado e dos problemas enfrentados pelas espécies, o Nupecce procura responder e propor soluções para esses problemas, fornecendo ferramentas para a sua conservação seja de forma direta através de ações sobre as populações remanescentes, ou de forma indireta através da influência no estabelecimento de políticas públicas.
Sobre o Centro de Conservação do Cervo-do-Pantanal (CCCP)
No início da década de 1990 foi descoberta uma população de cervos-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) no baixo curso do rio Tietê, onde estava sendo construída a Usina Hidrelétrica (UHE) de Três Irmãos. Este empreendimento foi a última UHE da cascata de Usinas construídas no rio Tietê. Seu reservatório alagou cerca de 14.000 hectares de várzea, habitat da última grande população de cervos que ocupava os banhados remanescentes da bacia do rio Tietê.
O Centro de Conservação do Cervo-do-Pantanal (CCCP) foi uma das obrigações propostas no licenciamento ambiental da UHE Três Irmãos, para mitigar os impactos deste empreendimento e promover a conservação da espécie.
O CCCP consiste em um Criadouro Científico com fins Conservacionistas que tem como principais objetivos:
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Evitar a extinção da população de cervos-do-pantanal da Bacia do Rio Tietê, com a manutenção ex situ da espécie, em condições genéticas e demográficas adequadas;
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Garantir oportunidade para pesquisas sobre a biologia básica da espécie, produzindo conhecimentos que possam ser aplicados à conservação de animais in situ e ex situ;
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Educar e engajar o público nas questões conservacionistas;
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Garantir animais para programas de reintrodução, quando esta estratégia for conveniente.
A TIJOÁ, enquanto concessionária da UHE Três Irmãos desde 10 de outubro de 2014, é a responsável pelo criadouro científico – CCCP, uma vez que a Licença Ambiental de Operação nº 2027 contém a exigência de manutenção das atividades do CCCP, bem como do desenvolvimento de estudos sobre o manejo da espécie, incluindo a possibilidade de reintrodução dos animais e as condições para efetivá-la.
O CCCP estava localizado nas várzeas do rio Tietê, no município de Promissão-SP, relativamente distante de centros de pesquisa e/ou infraestrutura médico-veterinária especializados na espécie alvo do Programa. Assim, a TIJOÁ entendeu que o CCCP seria melhor conduzido por uma Instituição especializada no manejo e conservação da espécie e identificou a possibilidade do envolvimento do Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos (Nupecce) do Setor de Animais Silvestres do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Jaboticabal (FCAV/Unesp) na implementação deste propósito, possibilitando ao Programa maiores chances de sucesso no atendimento de seus objetivos.
Diante disso, a TIJOÁ e o Nupecce - FCAV/Unesp, avaliaram que a transferência física do plantel do CCCP para a área do Setor de Animais Silvestres do Departamento de Zootecnia da FCAV/Unesp - Câmpus de Jaboticabal viabilizaria o envolvimento da Instituição especializada, uma vez que tal Universidade reúne, fisicamente, instalações médico–veterinárias necessária para o suporte ao manejo e conservação do plantel, bem como um grupo de pesquisa consolidado e internacionalmente reconhecido que poderia conduzir efetivamente as pesquisas para a futura reintrodução dos animais. O mecanismo encontrado para formalização desta parceria foi a celebração de um Convênio de Cooperação Técnico-Científica entre a TIJOÁ, a Unesp, por meio da FCAV, Câmpus de Jaboticabal, e a Funep para o desenvolvimento do Projeto “Manejo e Conservação do Cervo-do-Pantanal”, que teve início no final de 2021, com a transferência do plantel para as instalações do Nupecce.